Tadeu Pereira Surfista de Ubatuba

Tadeu Pereira Surfista de Cristo

Tadeu Pereira campeão Profissional – Itamambuca

Caros leitores, nosso maior objetivo com esse site não é só divulgar a prática do surf. Mas contribuir de alguma forma com a nossa sociedade, mostrando histórias de pessoas que praticam o bem, amam ao próximo, tem uma vida em contato com a natureza. Foi assim com a entrevista de Paulo Motta, também com a história de superação de Harry (Ary) e agora igualmente com a vida de Tadeu Pereira Surfista de Ubatuba.

Confiram  nessa espetacular entrevista !

Tadeu Pereira você nasceu aqui em Ubatuba?

Nasci em São Paulo, mas foi por acaso. Minha mãe estava grávida de 7 meses e foi de viagem à capital. Aí eu nasci lá, mas com poucos dias já estava de volta. Minha família por parte de mãe inteira é de Ubatuba e me considero totalmente caiçara!

Como foi sua infância na praia de Enseada?

Foi uma bênção!

Como eram as brincadeiras e o contato com a natureza?

Brincávamos na areia da praia:esconde-esconde, de pegar siri  e de colocá-los para  brigar, subir na amendoeira; andar de canoa, brincar de totó,  pegar folha de palmeira e escorregar descendo o barranco até cair na costeira. Foi muito contato com a natureza e foi muito divertido e saudável.

O Início

Quando foi despertada sua paixão pelo surf?

Aos 12 para 13 anos eu tive o primeiro contato com o surf. Foi algo apaixonante! Iniciamos juntos, eu e meus irmãos, o Datinho e o Tuca. Despertou na gente um desejo de algo que nunca tinha aparecido antes. Nós três começamos a nos envolver de uma forma bem ativa. Se tinha algum dia que não dava prá surfar ficávamos todos muito entediados. Naquela época era uma coisa muito marginalizada. O que a gente escutava a respeito é que era coisa de maconheiro. Enfim existia uma barreira muito grande. Tudo muito rudimentar. O desejo de ser surfista era grande. Não se tinha muito equipamento: pranchas apropriadas, roupa de borracha, parafina, enfim… mas a gente estava sempre ali tentando surfar!

Autoestima

Quantos anos tinha quando começou profissionalmente? Como se deu essa transição do surf amador para o profissional?

Aos 21 anos me tornei um surfista profissional, um pouco tarde se comparado aos outros atletas. Eu não me achava preparado e considerava que os outros atletas eram muito melhores do que eu. Mas tinha que encarar, afinal, era aquilo que eu queria pra minha vida.

Quantas horas por dia treinava?

Tinha um detalhe, que sempre me ajudou muito. Eu treinava exaustivamente e chegava a ficar de 8 a 12 horas dentro d’água.  Analisando hoje, considero um absurdo. Não recomendo isso para nenhum jovem que esteja iniciando nesta prática esportiva. Ficava sem tomar água e sem comer. Podia ter desidratado ou ter passado por situações muito difíceis de saúde. Graças a Deus não aconteceu nada sério.

Quais eram seus principais picos?

Praia Grande e Toninhas. Esporadicamente eu surfava na Itamambuca e no Félix.

E seus ídolos daquela época?

Os atletas que eu tinha como referência naquela época eram:  em nível internacional, o Tom Curren e também o Tom Carroll.

Os ícones de nível nacional, atletas que eram uma referência para mim: Ricardinho Toledo e Picuruta Salazar. Os dois atletas chamavam atenção. O Ricardinho pela desenvoltura dele, habilidade.  Um surf progressivo para aquela época.  Eu diria até um surf precoce. E o Picuruta, pelo aspecto competidor.  Um surf power!  Não era tão habilidoso quanto os outros porém em questão de capacidade emocional para lidar com uma bateria, para usar as regras a seu favor, ele era excelente.

A prevenção é o melhor caminho

Gostaríamos muito que falasse um pouco sobre dois temas muito atuais, que permeiam a vida dos jovens aqui em Ubatuba: álcool e drogas.

Naquela época uma coisa muito delicada. Mas que sempre existiu.

Sempre houve a galera da balada, a galera já envolvida com essas coisas e isso não é diferente nos dias de hoje. O que a gente tem que fazer é trabalhar na prevenção.

O jovem quando ele está nessa idade da adolescência, por mais que você passe princípios e tenha uma família sólida, ele sempre vai ter contato com algumas situações de risco.

Eu creio que um pai muito amigo, sempre presente, pessoas com as quais se abra, quando ocorrerem essas situações. Assim, o jovem vai ver que a droga não faz parte da vida dela e que não há futuro nesse caminho. Acredito que assim estaremos tentando ajudá-lo para que não se envolva. Infelizmente hoje são poucos os jovens que se de fato não se envolvem com isso em algum momento da vida. Mas eu creio que a prevenção é o melhor caminho!

Momentos Marcantes na carreira

Quais momentos foram marcantes de sua carreira?

Fiz parte da equipe brasileira amadora no ano de 1990, fomos disputar o mundial do Japão  e ficamos em segundo lugar. O Brasil foi vice-campeão Mundial  por equipe.

Também fui campeão paulista no ano de 1999 e participei do WCT que atualmente é o CT no ano de 1994.

Fui vice-campeão brasileiro no ano de 2000, ganhei uma etapa do circuito Mundial fora do Brasil e também ganhei várias etapas dos Circuitos brasileiro, paulista e Mundial também, aqui no Brasil.

Tadeu Pereira, se pudesse voltar no tempo, mudaria algo em sua carreira?

Eu creio que sim. Teria me dedicado a um treino funcional, questão de treinamento de gestão e também de parte emocional.

Apesar de que eu terminei minha carreira com 38 anos. Geralmente os atletas terminam com 33 ou 32. Eu ainda consegui estender até os 38 anos. Creio que tudo isso por causa de uma vida regrada, boa alimentação, sem “night”, sem balada, sem drogas. A maturidade da vida hoje me faz enxergar coisas de uma forma diferente.

Mudança de paradigma

Tadeu Pereira, se importaria de nos contar como se deu sua conversão? Consideramos uma história MUITO forte e por isso gostaríamos de compartilhar com nossos leitores.

Na minha juventude eu sempre gostei de ler a Bíblia, mas não tinha entendimento de nada. Venho de uma família católica, não praticante. Quando conheci os “Surfistas de Cristo” eu parava e eles. Eles se reuniam nas praças ou nas praias, quando estava tendo campeonato e eu sempre estava ali de “orelha em pé”. Hoje eu sei que Deus já estava trabalhando. Aos 23 anos eu tive um momento muito delicado na vida que foi a perda do meu irmão. Eu estava em outro país, se deu de maneira inesperada e foram momentos muito difíceis.

Um amigo meu falou:

-Tadeu, não tem ninguém que possa te ajudar aqui agora, ninguém. Na verdade, ajudar até tem, mas para te confortar, no íntimo do seu coração, não tem ninguém. Só tem uma pessoa que pode te ajudar. Que pode te confortar, bem lá no fundo da sua alma, no profundo do seu coração.

Tadeu Pereira: – Eu não quero ser crente, eu não quero fazer parte de uma igreja!

E ele me disse:  -Não tem nada a ver com a igreja, não tem nada a ver com religião. É um relacionamento pessoal, algo do íntimo do seu coração. É algo que eu estou vivendo e que gostaria de apresentar para você nesse momento difícil.

Tadeu Pereira:  -Eu aceitei. E fiz uma oração simples no corredor do hospital. Uma oração onde eu falei:

– Jesus entra no meu coração, habita no meu coração e toma conta da minha vida!

-Enfim, eu não virei abóbora, não virei E.T. No momento não senti nada. Mas eu sei que dias depois percebi um cuidado diferente. Sempre que eu pedia ajuda a Deus alguém vinha; sempre que eu pedia ajuda a Deus e ia ler a Bíblia, parece que tinha uma resposta. Enfim, eu comecei a ver o agir de Deus, o mover de Deus e voltei para o Brasil com uma caixinha nas mãos: eram as cinzas do meu irmão.

… e voltei para o Brasil com uma caixinha nas mãos

Aqui, eu procurei uma igreja e enfim comecei a ler, a congregar e a receber a palavra. E começou todo um processo de Deus na minha vida.

Mudança de vida

Nesses dois meses seguintes eu já estava um pouco melhor emocionalmente e voltei a surfar. Ganhei a primeira etapa do mundial que foi em Santa Catarina. Isso, já no início de 94. Estava liderando o brasileiro e três dias depois que eu voltei para Ubatuba, tive uma lesão muito séria nas costas. Fiquei impossibilitado de surfar por seis meses: de janeiro a julho. Esse período foi um tempo muito precioso. Tive vontade de sumir e não compreendendo o que estava acontecendo, eu falava: “Deus, eu Te busquei, eu Te aceitei e agora estou impossibilitado de fazer a coisa que eu mais gosto?”

Eu pude ver que Deus estava me tratando. Vim a perceber que o surf já não poderia mais estar em primeiro lugar na minha vida. Deus só queria que eu aprendesse a colocar em ordem as minhas prioridades.

Foi um tempo de muita reflexão

Como que é sua vida hoje?

Hoje eu tenho uma família que me foi dada por Deus, tenho minha esposa, meus filhos. A responsabilidade de ser o provedor do lar, a responsabilidade de educar meus filhos e suprir suas necessidades emocionais.Hoje possuo uma vida ministerial. Sou pastor de uma igreja e isto é uma benção! Recordo-me quando eu terminei a minha carreira profissional.  Anunciei para todo mundo que seria o último. Teve um jornalista que veio fazer uma entrevista e me perguntou:

– Tadeu Pereira, o que é mais difícil, ser pastor ou surfista?  Parei, pensei e eu não tive dúvida em responder que é mais difícil ser surfista.

– Por quê?  – Interrogou o jornalista. Respondi que é mais difícil você estar nas mãos dos juízes (que são homens) e depender de uma boa onda, de um excelente posicionamento, do nível sua concentração. Depender de você e depender dos outros é mais difícil.

Atuação com  jovens

Pode nos relatar um pouco do seu trabalho com os jovens?

Hoje sou pastor e tenho um ministério. Como pastor, dependo única e exclusivamente de Deus. Cada situação é totalmente diferente. Cada conselho, cada vida, é singular. Se eu não tiver uma sintonia com Deus para poder dar um respaldo para esses jovens, para orar,  aconselhá-los, sempre baseado na Palavra, se eu não tiver sintonizado com Deus,  falaria besteira. Enfim, toda minha vocação escorreria por água abaixo e ela se tornaria nada.

Amor a Deus

Levo até os dia de hoje esse ensinamento. Se tudo que eu fizer não tiver amor, se não tiver a sintonia com Deus, naturalmente não vai fluir. Desde o dia em que eu aceitei Jesus eu tenho buscado isso. E preciso Dele para cuidar da minha família, para cuidar da minha esposa, da minha vida. Preciso Dele para cuidar da igreja, para cuidar do meu emocional, enfim, Ele é tudo para mim. No trabalho que tenho com jovens eu preciso muito de Jesus. Eu preciso do Espírito Santo! Se não, eu não tocaria o coração deles. Eu estaria completamente desatualizado e não falaria aos corações deles.

Agradeço a Deus pela oportunidade e espero que essa mensagem fique no coração de todos.


O SURFBRAZUKAS é que agradece a chance de poder contar uma história de vida tão linda como a sua, OBRIGADO Tadeu Pereira.


Atualmente Tadeu Pereira é pastor na Igreja  Semear, lidera um Ministério de Jovens atuando com palestras e aconselhamento pastoral, ainda surfa!

Galeria de Fotos (arquivo pessoal de Tadeu Pereira)


budkristan

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